Suplemento alimentar: devo tomar?

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) define Suplementos Alimentares como géneros alimentícios que se destinam a complementar ou suplementar o regime alimentar normal, e que constituem fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico – como por exemplo as vitaminas, os minerais, os aminoácidos, as fibras ou ingredientes botânicos – comercializadas em forma doseada e que se destinam a ser tomados em unidades de medida de quantidade reduzida – p.ex. formato de cápsulas, comprimidos ou pastilhas.

O consumo destas formulações tem como objetivo complementar ou suplementar as carências nutricionais e fisiológicas que estão frequentemente associadas ao estilo de vida, às exigências da atividade física de alta intensidade ou a uma dieta alimentar deficitária em certos nutrientes. Ou seja, um suplemento alimentar não é um medicamento que se destina a tratar ou a curar qualquer doença, mas sim uma fórmula farmacêutica desenhada para corrigir carências nutricionais ou para apoiar algumas funções fisiológicas específicas do organismo.

Terei défice de algum nutriente?

Os estudos realizados em vários países europeus têm demonstrado que o modo de vida contemporâneo, associado a uma dieta alimentar deficitária, contribui para que exista uma absorção subótima de vários micronutrientes 1,2.

Daí que, para além de optar por um regime alimentar rico em fibras, frutas e vegetais frescos, equilibrado no consumo de proteína vegetal (como a soja, o feijão, as lentilhas ou o grão) e de proteína animal, sem esquecer uma correta ingestão de água – ou outras bebidas como chás e infusões sem açúcar – a suplementação pode ser uma ajuda para restaurar os níveis nutricionais em défice.

Aliás, a suplementação nutricional tem sido uma opção cada vez mais frequente entre os europeus, como demonstrou uma pesquisa recente3. Neste trabalho, 9 em cada 10 (88%) respondedores afirmaram ter usado suplementos alimentares em algum momento da sua vida e a vasta maioria deste grupo (93%) admitiu que consumiu um suplemento alimentar nos 12 meses anteriores ao inquérito.

As razões apontadas para este consumo foram variadas, desde a manutenção do estado de saúde, o reforço do sistema imunitário, para melhoria da saúde digestiva ou intestinal, para um reforço de energia ou para melhorar a saúde dos cabelos e unhas.

Apesar de existir muita informação sobre as regras básicas de uma alimentação saudável, sobre que alimentos devem ser consumidos de forma regular e diária, os que podem entrar nas ementas esporadicamente e os que devem ser evitados a qualquer custo, nem sempre é fácil seguir esses conselhos. A vida profissional e familiar muito preenchida, o stress permanente da vida diária, podem deixar pouco tempo para a preparação de refeições saudáveis, cozinhadas com alimentos frescos e com os métodos de cocção indicados para que cada alimento não perca os nutrientes naturais quando é cozinhado.

Além disso, cada pessoa tem necessidades nutricionais diferentes e alguns grupos podem ser particularmente suscetíveis à carência de alguns nutrientes:

Mulheres

As mulheres em idade fértil podem revelar algumas carências ao nível da absorção de micronutrientes. Em consequência do fluxo menstrual ou pelas necessidades extra resultantes da gravidez e do período de amamentação, este é um grupo que pode apresentar maiores necessidades de suplementação.

Idosos

Pelo inevitável envelhecimento das células, tecidos e órgãos é natural que a população sénior apresente uma maior dificuldade na absorção e processamento de micronutrientes.

Pela mesma razão, este é um grupo que apresenta maior degeneração óssea e muscular, o que os coloca numa posição de maior fragilidade músculoesquelética que pode comprometer a sua autonomia. De recordar que a osteoartrose – processo degenerativo que resulta na destruição da cartilagem nas articulações e do subcondral – afeta cerca de 80% das pessoas com mais de 75 anos.

Algumas terapêuticas

Alguns fármacos podem interferir com a absorção dos nutrientes, nomeadamente os diuréticos, utilizados para o tratamento da hipertensão arterial, ou os protetores gástricos, usados para o tratamento do refluxo e a azia. As terapêuticas utilizadas para o tratamento da doença de Parkinson também estão na lista de fármacos que podem condicionar a absorção nutricional.

Determinadas patologias

Existem doenças que podem influenciar a capacidade de absorção dos nutrientes, nomeadamente doenças que impliquem a remoção de partes dos órgãos digestivos, as patologias que causam vómitos ou diarreias frequentes e a insuficiência renal que necessite de realizar diálise, são apenas alguns exemplos.

Desportistas

Têm, naturalmente, maior dispêndio de energia e necessitam repor os níveis de nutrientes gastos necessários para assegurar o melhor desempenho desportivo. Os suplementos ajudam a fornecer mais energia, a recuperar da fadiga e a reduzir as dores musculares comuns no pós-treino.

Fontes:
Beitz R, Mensink GB, Rams S, et al. (2004). Vitamin- und Mineralstoffsupplementierung in Deutschland (Use of vitamin and mineral supplements in Germany).

Troesch B (2012). Dietary surveys indicate vitamin intakes below recommendations are common in representative Western countries. British Journal of Nutrition 108(4):692-8.

https://foodsupplementseurope.org/wp-content/uploads/2022/07/FSE-Consumer_Survey-Ipsos-2022.pdf
https://foodsupplementseurope.org/food-supplements-explained
https://www.efsa.europa.eu/en/topics/topic/food-supplements
https://ods.od.nih.gov/factsheets/WYNTK-Consumer
https://www.eufic.org/en/healthy-living/article/food-supplements-who-needs-them-and-when

O que acontece no envelhecimento

O envelhecimento é o processo mais natural que acontece em todos os seres vivos. Decorre do avançar da idade e está associado a alterações nos processos biológicos, fisiológicos, ambientais, psicológicos, comportamentais e sociais que podem ser condicionados por algumas opções de vida, nomeadamente a alimentação que escolhemos, o sedentarismo ou a atividade física praticada, o isolamento social e o acesso a cuidados de saúde ao longo da vida.

Associado ao envelhecimento encontramos algumas alterações que podem ser agrupadas em dois géneros:

Alterações benignas:

Não estão associadas a uma perda de funcionalidade ou de capacidades, mas surgem com o passar dos anos em consequência de processos celulares responsáveis que são responsáveis, por exemplo, pelo aparecimento dos cabelos grisalhos ou o aparecimento das rugas no rosto.

Alterações deletérias:

Estas resultam do declínio do funcionamento celular e estão associadas a uma diminuição da função dos sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato), à diminuição da capacidade de resolução de situações do quotidiano, à diminuição da autonomia e ao aumento da suscetibilidade do aparecimento de doenças. Aliás, o envelhecimento é considerado o principal fator de risco para algumas doenças crónicas.

O que acontece no envelhecimento?

O que salta mais à vista é, de facto, o aparecimento dos cabelos brancos e das rugas no rosto. Contudo, o envelhecimento é um processo mais profundo que afeta todo o funcionamento do organismo e tem consequências nos vários sistemas que o compõem:

Sistema cardiovascular

Com o passar dos anos, os vasos sanguíneos e as artérias vão enrijecendo fazendo com que o coração tenha de realizar um esforço adicional para conseguir bombear o sangue através da rede sanguínea que percorre o corpo. Com este processo, é natural que surja o risco de aumento da pressão arterial, conhecido como hipertensão, e surjam outros problemas cardiovasculares.

Sistema musculoesquelético

A perda de massa óssea é dos processos degenerativos mais comuns do envelhecimento. Os ossos vão perdendo densidade, enfraquecem e ficam mais sujeitos a fraturas e a doenças como a osteoporose.

O mesmo acontece com os músculos, que vão perdendo força, resistência e flexibilidade, o que pode resultar em problemas de coordenação motora, de estabilidade e de equilíbrio.

Sistema digestivo

As alterações estruturais relacionadas com o passar dos anos podem resultar em menos mobilidade do intestino grosso o que faz aumentar a probabilidade de obstipação. O problema pode ser agravado se a alimentação for pobre em fibras, se a pessoa não beber água suficiente e se for sedentária.

Alguma medicação e certas patologias também podem interferir com o trânsito intestinal.

A memória e o pensamento

O cérebro sofre mudanças à medida que envelhece que podem ter efeitos menores ou maiores na memória ou nas habilidades de pensamento. Por exemplo, com o avançar da idade, os chamados esquecimentos podem surgir, com a pessoa a ter alguma dificuldade em lembrar-se de nomes de familiares ou de datas específicas. Com o envelhecimento também aumenta o risco de desenvolver demências que comprometem a autonomia do indivíduo.

A visão e a audição

Com a idade, aumenta a dificuldade de observação de objetos que estão próximos, aumenta a sensibilidade à claridade e as dificuldades de adaptação a diferentes níveis de luz. O envelhecimento também pode afetar a lente do olho, causando visão turva em resultado do aparecimento de cataratas.

A audição também pode diminuir o que compromete o convívio social e pode aumentar o isolamento.

Metabolismo mais lento

A velocidade com que o corpo queima as calorias ingeridas diminui à medida que se envelhece e, nessa medida, o aumento de peso pode ser uma inevitabilidade se não existir uma alteração do estilo de vida. Para manter um peso saudável, é necessário manter a atividade física e ter uma alimentação saudável.

Suplementação para uma vida ativa

Com o passar dos anos, o natural envelhecimento das estruturas músculoesqueléticas traz desafios para a vida diária devido, sobretudo, ao processo degenerativo da cartilagem articular e do osso subcondral que caracteriza a osteoartrose.

Estima-se que esta patologia afete cerca de 80% das pessoas com mais de 75 anos. Contudo, mesmo antes de chegar a essa idade a osteoartrose é o principal motivo de consulta médica e uma das causas mais frequentes de incapacidade e absentismo laboral nos países desenvolvidos.

As áreas mais afetadas por esta patologia são:

  • A articulação do joelho
  • A articulação da anca
  • A articulação da mão

Fontes:
https://www.scielo.br/j/pe/a/FmvzytBwzYqPBv6x6sMzXFq
https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/healthy-aging/in-depth/aging/art-20046070
https://www.nia.nih.gov/about/aging-strategic-directions-research/understanding-dynamics-aging
https://www.britannica.com/science/aging-life-process
https://www.webmd.com/healthy-aging/features/normal-aging-changes-and-symptoms
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29018060
https://www.arthritis.org/health-wellness/treatment/complementary-therapies/supplements-and-vitamins/vitamins-supplements-arthritis